Tento amaciar as palavras
duras, cortantes, desestabilizadoras
que moram na minha mente
Vivo numa realidade idealizada
que se esfarela como uma parede podre
caindo a minha volta
marcando todas minhas pegadas
O céu e o inferno
estão na mesma pintura
que se sobrepõe
A cada hora abraço
uma ideia, uma sensação
tremo com seus impulsos
apesar de continuar
absolutamente imóvel
Me exponho
e sinto frio e raiva
pela minha nudez
Ataco todos que estão
com suas capas impermeáveis
de mentiras confortáveis
e falsas soluções
Me odeio e me amo
na mesma proporção
Por muito tempo evoluir
foi se livrar de mim mesma
hoje não invisto mais
nessa possibilidade
As coisas do mundo humano
são burras, limitadas, torpes, mesquinhas
absurdamente confortáveis
San, 14/01/2020