terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Daily Work



Tento amaciar as palavras
duras, cortantes, desestabilizadoras
que moram na minha mente

Vivo numa realidade idealizada
que se esfarela como uma parede podre
caindo a minha volta
marcando todas minhas pegadas

O céu e o inferno
estão na mesma pintura
que se sobrepõe

A cada hora abraço
uma ideia, uma sensação
tremo com seus impulsos
apesar de continuar
absolutamente imóvel

Me exponho
e sinto frio e raiva 
pela minha nudez

Ataco todos que estão 
com suas capas impermeáveis
de mentiras confortáveis
e falsas soluções

Me odeio e me amo
na mesma proporção

Por muito tempo evoluir
foi se livrar de mim mesma
hoje não invisto mais
nessa possibilidade

As coisas do mundo humano
 são burras, limitadas, torpes, mesquinhas
absurdamente confortáveis




San, 14/01/2020