Eu perdi setembro
com as coisas desnecessárias
com as pessoas que não importavam
com os velhos hábitos frustrantes
que não me trazem realmente nada
Perdi toda uma imensidade de segundos
que poderiam ser tão maravilhosos
transformadores, apaziguadores
novos, frescos, instigantes
Eu os perdi para as coisas
velhas e emboloradas
que ainda mantenho em mim
como um culto elaborado
de não confiança
não liberdade
não sossego
Agora vejo esses dias
como gotas caindo num copo cheio
numa pia bagunçada e suja
ansiando aquele momento mágico
de reorganizar tudo
Eu nunca tive espaço realmente
para deixar que outros eus surgissem
sempre me mantive refém
desse apego idiotizante
Eu perdi setembro
com as antigas feridas
que não podem ser curadas
com a pessoa anacrônica
que não pode ser entendida
com a velha pessoa
que não deseja ser resgatada
San, 25/11/2018