O ápice da inutilidade
é chegar ao cume da montanha
apenas para olhar para baixo
e se sentir finalmente
distante de tudo.
A sensação de isolamento
só é amenizada
pela loucura
do medo de viver.
Então eu subo
galgando rochas
mais velhas
e pontiagudas
que minhas vozes intimas.
me segurando
no mais improvável
e inadequado
meio de sustentação,
a poesia.
Sou uma poetisa
de indelicada amargura,
de verdades desconfortáveis,
como o frio e vazio cume.
Busco esse incomum,
toda noite subo
aos cumes nevadas
e a cada amanhecer
volto a minha dolorosa rotina.
San, 13/11/2011