e sei que já vai doer,
me traga o de ontem, hoje,
e antes do anoitecer.
Eu quero coisas tão grandes
que dizem que não preciso,
e quero coisas tão intimas
que dizem que não possuo.
Eu quero as palavras soltas,
mesmo as que são estranhas,
eu quero as palavras livres,
mesmo as que não são minhas.
Como pedras quicando
batendo em todas cercas,
as letras vão acordando
os cegos, os covardes e os tolos.
Eu quero gritar as palavras
mas dizem que nasci mudo,
eu quero comer as palavras
mas dizem que já estou morto.
Então trarei a palavra
a mão nesse manifesto
tomada do estupor
rompendo a letra escrita.
San, 15/11/11