tudo mudou,
nuvens passaram,
o vento soprou,
a musica tocou dois minutos,
o silêncio veio manso.
E o movimento continua,
meu impulso de viver,
subir, descer, entrar, sair,
dos sótãos, quartos,
corredores labirintos.
Agora alcanço os descampados,
onde existe apenas eu mesma,
tão nua de antes,
tão sem nada de ninguém,
me empurrando através do tempo.
Meu próprio tempo,
meu próprio vento,
meu próprio consentimento,
apagando toda a memória de ser alguém,
de tantos a quem magoei,
liberei, assustei, amei, cativei, odiei,
amparei, neguei, afastei, desorientei.
E assim novo movimento,
vou dançando nova musica,
novo lugar,
nova forma de existir
ou de acabar.
San, 28/12/10