como uma chuva de pedra
caindo em meio a sala.
E assim eu inventei o prazer
daquilo que nada tem
nem substância, nem cheiro,
nem acido, doce ou azedo.
Tolhida estou pelo inexorável e curto
caminho das dores cotidianas,
passagem estreita entre a perda e a cura,
um alfinete que pinica e não se acha
e se encontra mas não se tira.
Eu sou uma pessoa de sentir,
mesmo depois de sair da barriga da mãe
nada mais aprendi a fazer.
Tenho sentido a tanto tempo
que me agreguei a todos os sabores
até mesmo os desagradáveis.
Então agora eu perdi meu alguém,
é de difícil entender a quem se expressa
por tantos outros mecanismos,
aquele que vê a vida,
cheira, toca, pondera, escuta,
tantas dimensões existem
mas eu sempre fui uma especialista.
E esse é o perigo do mergulho profundo,
talvez nunca se volte,
talvez nunca se adapte a superfície.
San, 22/11/10