domingo, 4 de julho de 2010

NEFERTITI


As margaridas 
morrem de frio
no seu alpendre moderno
eu conheço profundamente
todos seus céus e infernos,
em cada um eu fui santa,
bruxa, magica, bandida,
destruí muitas certezas
construí novas saídas.

No seu quarto aberto
vazado para o infinito
ainda posso ouvir
seus murmúrios, 
gemidos e gritos,
construí com fogo e água
todos os novos mitos.


E assim que passarmos
a linha imaginaria da dor
alcançaremos a lendária
ilha perdida do amor.


E nela encontraremos Nefertiti a bela
ainda embalsamada,
hoje ela é apenas uma sombra
esquecida embaixo da escada.


Mais do que posso dizer
posso em meu corpo mostrar
as facas da sua saudade
estão a me torturar.


E as margaridas secam lá fora,
sem água, abrigo, poesia,
não importa a mais ninguém
que venha um novo dia.



San, 06/09/2005