Quero lhe conhecer,
e vou chegando devagar,
em silêncio,
alguns centímetros apenas
do animal acuado.
Não quero lhe causar mal estar,
mas não posso me abster
de confrontar
de confrontar
os seres que habitam
meus sótãos e porões.
Então eu lhe faço uma poesia,
porque na poesia
a dor é para fora,
a dor é para fora,
a poesia não desloca a coluna,
não perfure o abdômen,
nas poesias as lágrimas
são de festim.
são de festim.
E assim podemos rir
sem nexo e sem complexo,
ir do mais profundo ao mais raso,
sem precisar puxar o folego,
sem precisar de molho,
sem precisar de aprovação.
San, 28/01/12