domingo, 17 de julho de 2011

Mistério


Dadinda tem saravá,
dança sacoleja espuma peleja,
corta o vento como peneira,
abana as franjas do misterioso,
saindo de lá dentro a mão da véia.


E a véia sabe das ervas defumação canto rezas
banhos garrafadas assentos comida,
de tudo sabe a filha da filha da mãe da avó.


Dadinda tem saravá
energia onda frequencia pulsão
antes do home pai filho espirito santo amém


Dadinda pelejava atras da caça
calango gato do mato gamba pombinha
caçadora benzedeira mateira parteira cozinheira
filha de escravos alma livre mulher do misterio.


Dadinda tem saravá


AXÉ.





San, 04/06/11

Interrupção



Não sei o que mais doeu
sua chegada ou sua saída,
não sei o que mais sou eu,
inteira ou toda partida.

E existem coisas
que ninguem consegue responder,
e muitas outras
que é impossivel esconder.

Minha dor canta
de manha cedinho,
as vezes se encanta
com o seu mundinho.

E me chama para fora
para o novo mundo
que é o mesmo antigo
sem saber de tudo.

E eu vou cantando:
segura seu coração criança!
cuidado com o passarinho!
ele vem de longe
e leva seu coração
para fazer seu ninho!

Tem tanto mistério
dentro do meu peito
nesse grande abismo
dos amores imperfeitos.



San, 10/07/11

Silêncio



É claro para mim 
que esta em outro mundo,
um mundo estável, agradável, equilibrado
onde não existe a preocupação 
em possuir um o corpo, o dia seguinte,
em explicar sua intenção, 
referendar sua direção,
é um mundo de apenas SER.


Longe de mim negar 
todas as diversas alternativas
que a mente cria para voltar 
ao seu ponto de partida,
longe de mim negar a importância
das danças, musicas, roupas,
emblemas, palavras, designações,
grupos, mortificação, experimentação,
soltura, procura, enlevo, queda,
entendimento, transmutação.


Longe de mim negar 
aquilo que o ser humano designa mistério
ou caminho para o Divino,


No entanto quando olho para você
vejo um atalho dentro de mil atalhos,
vejo que não existe 
a necessidade da jornada,
passos duros, testes de aptidão,
sofrimento, entrega, devoção,
não existem nomes, classes, diferenças,
necessidade de submissão,
nem ao mesmo bondade e retidão,
apenas um grande silêncio
intenso, profundo, envolvente.





San, 17/07/11

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Correnteza


Mergulho na correnteza de dor,
até que fragmente todo NOS,
e assim o meu que era seu,
e o seu que nunca foi meu,
evaporam no fluxo 
das tristes lembranças.

Sei que você me espera em algum lugar,
sem perceber que nunca voltarei,
que nem ao menos sei como chegar.

Me banho hoje nas águas frias 
dos amores perdidos,
lavo todas risadas, 
toda vida partilhada,
e assim fico muito mais nua 
do que quando aqui cheguei,
este lugar que não reconheço,
onde me recuso a simplesmente existir.


San, 04/07/11